A vacinação é o método mais eficaz para a prevenção de doenças infecto-contagiosas nos animais. Esta deve ser iniciada o mais cedo possível na vida do animal, protegendo contra doenças às quais os cachorros estão mais susceptíveis.
Que esquema vacinal aconselha?
Existem vários protocolos vacinais que podem variar conforme a localização geográfica e de país para país, pois encontramos diferentes prevalências das doenças e zonas endémicas em diferentes regiões. Como tal, a vacinação do seu animal deve ser avaliada pelo veterinário da sua zona de residência, pois ele melhor do que ninguém sabe qual é o protocolo que se melhor adequa ao seu animal de estimação.
No caso concreto da zona de Estremoz, utilizo um protocolo de vacinação que se inicia com a vacinação do cachorro a partir das 7 / 8 semanas de vida. Antes desta vacina, podemos dar outra a qual chamo de “vacina dos cachorrinhos” a qual administro às 4 e às 6 semanas de vida do animal em casos muito específicos: cães que vieram de canis, de criadores ou em situações que a mãe dos cachorros não tem qualquer vacina. Esta vacina é contra a parvovirose e tem um título de anticorpos maior que aquela que se administra aos cães com 7/8 semanas.
A primovacinação consiste na vacinação dos cachorros às 7/8 semanas contra as seguintes doenças infecto-contagiosas :parvovirose, esgana, hepatite vírica canina, leptospirose e tosse do canil. Como os cachorros têm um sistema imunitário imaturo não conseguem obter uma resposta imunitária satisfatória só com uma administração da vacina, como tal, torna-se necessário um novo reforço da mesma passado 3 a 4 semanas no máximo. Se passarem mais do que 4 semanas entre o 1º e o 2º reforço vacinal, o sistema imunitário do cachorro já não consegue produzir uma resposta satisfatória e duradoura por um ano, pois este sistema tem uma memória bastante curta e se não for estimulado neste tempo o organismo “esquece” a resposta imunológica para os patogénios inoculados pela vacina , pensando estar a contactar com estes pela primeira vez.
Assim, se forem vacinados até às 4 semanas, o sistema imunitário do cachorro consegue relembrar-se do contacto com os patogéneos e produzir linfócitos de memória que são responsáveis pela memorização da resposta imunitária contra estas doenças durante um período mínimo de 1 ano. Após este 2º reforço, os animais voltam para o reforço de ano a ano.
Este esquema aplica-se à maioria dos cachorros, no entanto existem cachorros de determinadas raças mais sensíveis a estas doenças enquanto jovens e como tal, administro um 3º reforço para optimizar a sua resposta imunitária. É o caso dos Husky Siberianos, Alaska Malamutes e Rotweilers.
Após o primeiro reforço que cuidados devo ter com o meu cachorro?
É preciso ter atenção para o facto do 1º reforço vacinal não dar imunidade satisfatória aos cachorros, portanto entre o 1º e o 2º reforço da primo-vacinação convém não facilitar deixando-os ir à rua, dar-lhes banho ou contactar com outros cães, estando estes vacinados ou não! Todo o cuidado é pouco, devendo-se evitar todos os comportamentos de risco pois ele pode ficar doente se contactar com os agentes patogénicos das doenças às quais se está a vacinar. Deve-o resguardar da mesma forma que vez até ele vir à vacina! O cachorro só está devidamente vacinado 1 a 2 semanas após o 2º reforço! A partir desta altura é que podemos dizer que está completamente protegido contra as doenças para as quais foi vacinado.
Após a primo-vacinação, recomendo a vacinação contra a raiva a partir dos 3/4 meses de idade. A vacina da raiva é obrigatória e não precisa de reforço, basta ser administrada 1 vez por ano. Existem outras vacinas que podem ser dadas à parte deste esquema, tais como a vacina da tosse do canil e a febre da carraça . Estas vacinas devem ser dadas de acordo com a incidência destas doenças em cada região, que pode variar. O aconselhamento veterinário é indispensável de forma a proteger o seu animal das doenças endémicas da sua região.
Que outras vacinas recomenda dar?
A vacina da tosse do canil, que protege contra os agentes mais comuns envolvidos nesta doença, como a Bordetella bronchiseptica e o vírus da parainflenza canina, deve ser administrada em situações especiais. Por exemplo quando o animal vai para uma exposição, passar algum tempo no Hotel de cães ou canil onde há grande densidade populacional canina, sendo o risco de transmissão de doenças maior.
Para vacinar os cães com a vacina da febre da carraça, existem 2 alternativas no mercado. O seu veterinário saberá qual a que se adequa mais à sua zona, pois a febre da carraça é produzida por diferentes parasitas do sangue. A Merilyn ® protege contra a Borrellia burgdorferi e a Pirodog ® contra a Babesia canis.
Qual a altura ideal para dar a vacina da febre da carraça?
Tenho por norma dar a vacina da febre da carraça isolada das outras vacinas com um intervalo de pelo menos 1 mês antes ou depois da administração da mesma e recomendo que o animal tenha uns dias sem exercício violento. Não recomendo de todo a vacinação em simultâneo com outras vacinas. Aconselho sempre aos meus clientes que a administração desta vacina seja feita fora dos picos epidemiológicos, de forma a que esteja na sua eficácia máxima na altura em que existem mais carraças e maior probabilidade de ocorrer a transmissão da doença. Os períodos entre Dezembro/Janeiro e fins de Junho a finais de Agosto são aqueles em que aconselho a vacinação contra a febre da carraça.
Tanto a vacina da tosse do canil e febre da carraça precisa sempre de um reforço quando se realiza a primo-vacinação das mesmas, quer seja um cão adulto ou não, de forma a que no 2º reforço haja uma eficácia da imunidade de pelo menos 1 ano, devendo-se proceder à vacinação anual das mesmas.
2 comentários:
Mt Obrigado pelo esclarecimento.
Jorge Branquinho
Neste momento tenho comigo uma ninhada de 8 cachorros que estão na altura de ser vacinados. Devido ao grande número de "bebés" não tenho como suportar economicamente os custos da vacinação para todos eles. Disseram-me que eu podia comprar as vacinas e dá-las eu mesma. O que pensa sobre isto?
Cumprimentos
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