quarta-feira, agosto 20, 2008

Vacinação em gatos


A vacinação constituí a melhor arma para o controlo e prevenção de doenças infecciosas. No caso dos felinos existem no mercado vários tipos de vacinas que poderão ser administradas. A escolha da vacina a administrar é feita em conjunto com o veterinário assistente que saberá quais as doenças infecciosas felinas para as quais o seu gato deverá ser vacinado de acordo com a região e a adaptar o esquema que melhor se adequa para cada caso em concreto.

Que vacinas é que recomenda?

Existem 2 vacinas que, na minha opinião, deviam ser administrados em todos os gatos saudáveis : a vacina Trivalente - que protege o gato contra os principais agentes infecciosos responsáveis pelo Sindrome Respiratório Felino ( calicivirus e herpesvirus), bem como contra panleucopenia felina que provoca gastroenterites hemorrágicas muito graves - e a vacina contra o virus da Leucose Felina ou FeLV.


Qual o esquema de vacinação felina que recomenda?

Os gatos podem ser vacinados a partir dos 2 meses de idade, realizando um 2º reforço passado 3 a 4 semanas do 1º reforço efectuado. Após a primo-vacinação a vacina começa a ser administrada anualmente por enquanto, já que há estudos que nos indicam que a imunidade oferecida pelas vacinas de hoje em dia é mais douradoira que um ano, podendo atingir os 3 anos. Como ainda se encontra em discussão a validade imunológica das vacinas, continuo a recomendar a vacinação anual dos gatos.

As vacinas que recomendo são a Trivalente e a Leucose Felina, sendo administradas separadamente quando eles são gatinhos.

A vacina da raiva também pode ser dada nos gatos, sendo em alguns países de caractér obrigatório, podendo ser administrada a partir dos 3 meses.


E nos gatos adultos? Qual o esquema que recomenda?


Nos gatos adultos deve-se realizar o teste de despite de FIV e FeLV sempre antes de serem vacinados, pois só assim podemos adaptar o protocolo ao animal em questão.


Gatos saudáveis com historial de terem sido vacinados podem fazer um reforço único e depois reforços anuais.

Quando não se sabe do historial vacinal de um gato saudável, o melhor é jogar pelo seguro e fazer o mesmo esquema que se aplica aos gatinhos.

Por razões económicas, existem pessoas que só querem fazer a vacina Trivalente porque o seu gato não contacta com outros gatos e está sempre em casa. No entanto, só o facto dos donos o trazerem à clínica para a vacina já estão a expor, indirectamente, o seu gato a vários vírus, incluindo o FeLV. Portanto a vacinação contra a Leucose Felina torna-se muito importante e imprescindível.

Um gato saudável que no teste dê FeLV positivo, não necessita de ser vacinado contra a Leucose Felina, pois em alguma fase da sua vida contactou com o virus e encontra-se naquele momento em equilíbrio com o vírus. Pode ser vacinado mas é uma despesa desnecessária para o dono. Nesta situação administro somente a Trivalente.

O caso muda de figura quando o gato é saudável mas que é positivo ao FIV. Aqui, desaconselho a vacinação contra a FeLV, já que a administração da mesma poderá provocar uma imunossupressão. No entanto a administração da Trivalente é de extrema importância para que o animal não fique doente com alguma destas doenças que poderão surgir secundariamente a uma diminuição do sistema imunitário.

No gato saudável (?) que é FIV e FeLV positivo, procede-se da mesma forma que no caso de um gato FIV positivo.


Que esquema de administração de vacinas em gatos utiliza?



Na vacinação dos gatos utilizo o esquema recomendado pelo A.V.M.A. ( www.avma.org/vafstf ) que sugere:

- A administração das vacinas em gatos deve se feita o mais possível pela via subcutânea e não intra-muscular;

- Utilizar outras vias de administração de vacinas, se possível, sem ser pela via injectável – como por exemplo a intranasal;

- Após a administração das vacinas deve-se realizar por escrito o local onde se deu, lote, marca e qual a valência da vacina;

- Notificar o fornecedor do aparecimento de reacções anómalas

- Administração de vacinas com trivalência simples : Membro Anterior Direito

- Administração de vacinas contra o vírus do FeLV sozinha ou com outras valências: Membro Posterior Esquerdo

- Administração de vacinas contra a raiva ou associada a outras valências: Membro Posterior Direito


Porquê seguir estas recomendações?

Estas recomendações vêm ao encontro da necessidade de diferenciação da valência das vacinas com o aparecimento no local de inoculação das mesmas de fibrosarcomas vacinais. Para além de ter uma componente prática importante na remoção do tumor, já que torna-se muito difícil a extracção do mesmo com boas margens na zona do pescoço ( zona onde ainda alguns veterinários dão vacinas subcutâneas a gatos) , bem como é um tumor muito invasivo a nível muscular.

Aos fibrosarcomas estão associadas as vacinas que contenham as valência FeLV e raiva. No entanto a probabilidade de um gato ficar com fibrosarcoma depois de ter sido vacinado contra o FeLV é muitíssimo mais baixa do que a probabilidade de apanhar FeLV por não estar vacinado. Já para não dizer que é raro a ocorrência de fibrosarcomas vacinais.


Como se distingue uma reacção inflamatória vacinal normal de um fibrosarcoma?



A distinção entre reacção inflamatória no local de inoculação da vacina de um fibrosarcoma é muito importante para que não haja alarmismos desnecessários por parte dos donos.

Por vezes após a vacinação do seu gato poderá desenvolver-se no local de inoculação da vacina um matulozinho que por vezes dói ao toque. É rara, mas pode acontecer, normalmente é uma reacção inflamatória passageira que deverá desaparecer espontaneamente em 3 a 5 dias.

O fibrosarcoma é uma formação dura, infiltrativa, irregular que vai aumentando ao longo do tempo, podendo aparecer vários em outros locais ( metástases ). Persiste mais do que 3 meses, diâmetro maior que 2cm e aumenta de tamanho 1 mês após a administração da vacina.

Como se diagnostica o fibrosarcoma e qual o tratamento?

Para o diagnóstico de fibrosarcoma realiza-se uma biopsia e exame histopatológico.

O seu tratamento passa pela sua excisão/extracção, no entanto como é muito infiltrativo podemos não conseguir removê-lo por completo, sendo as recidivas muito frequentes. A quimioterapia e radioterapia também se podem realizar, mas o prognóstico é tão reservado como o cirúrgico.

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